Blog criado com o intuito de reunir crônicas sobre jogadores, partidas e outras histórias que marcaram época no Esporte Clube Vitória.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

1963... o jogo do quebra-tabu

Nildon (n°5) indo pra cima de Matos. Mais atrás, na parte não-sombreada está Frank Chegas observando o lance. (Créditos: Blog do Chiquitinha Maravilha)
 Hoje, 1° de janeiro de 2016, o Galícia Esporte Clube completa 82 anos. A equipe criada por espanhóis da região homônima ao time conquistara respaldo no futebol baiano logo na sua primeira década atuando no futebol. Porém, em 1963 o Granadeiro completava cerca de nove anos sem vencer o Vitória. Mas no dia 04 de fevereiro, dois dias após a tradicional festa de Iemanjá, entrou em campo e venceu por 1 a 0 o Leão, provando sua alcunha de "Demolidor de Campeões".

 O time azulino preparava-se para o encontro com os rubro-negros desde a semana anterior ao confronto. O então presidente Aurélio Viana prometera uma parte da renda aos atletas caso viesse o triunfo. Com isso, a semana correu com os jogadores fazendo treinamentos puxados. O cartola também prometeu que iria queimar as camisas do clube. Já os rubro-negros preparavam-se para manter o tabu. E a partida não seria um simples jogo, visto que podia valer a liderança do Leão no Campeonato Baiano de 1962.
Jogadores do Galícia em treinamento na semana do esperado jogo. Da esq. pra dir.: Vadinho, Frank Chagas, Lai, Raul e Geraldo Simões. (Acervo de Nivaldo Carvalho)

 O Galícia tinha em seu plantel alguns jogadores que tinham passado pelo Vitória. Dentre eles: Frank Chagas, que havia sido campeão do Torneio Início do Baianão pelo decano dois anos antes e Wassil Barbosa, então técnico e treinador granadeiro, havia jogado no adversário por volta de 1959.

O jogo:

 Na primeira etapa, os dois escretes apresentaram um embate bem disputado para os 6 661 pagantes que compareceram a Fonte Nova. Porém, a torcida do time hispânico esperava desta vez uma vitória. E ela veio a se concretizar logo aos seis minutos do segundo tempo com o gol de Wassil Barbosa, que mostrou a praticidade de seus treinamentos em campo.

 O Vitória queria o triunfo pra cima Galícia. Primeiro para prosseguir na liderança, e segundo para continuar com o duradouro tabu. A equipe rubro-negra partiu pra cima do time mandante na intenção de arrancar o empate e até mesmo chegar a virada. As investidas do Leão não foram tão efetivas, pois o Galícia se defendeu como pode e respondia com seus contra-ataques. Com os nervos a flor da pele, as baixas vieram. O goleiro Zé Carlos foi expulso na partida e junto a ele o lateral-direito Kleber "Bubu". Com dois a mais, o time dos colonos espanhóis teve um jogo mais maleável a partir dali, e ao apito final do mediador do confronto, Otávio Neves de Jesus, os granadeiros puderam comemorar a quebra do tabu.
O Vitória ataca, mas não consegue atingir a meta dos granadeiros. (Acervo de Nivaldo Carvalho)

 A festa foi feita a partir dali. Um dos dirigentes do clube, Ceferino Carrera, comprou uma taça para simbolizar o feito e a ergueu no gramado da Fonte Nova. Não só torcedores do time hispânico-brasileiro comemoraram a vitória. O Fluminense de Feira virou líder da competição com a derrota leonina e deu cinco mil cruzeiros para serem repartidos com a equipe vencedora do jogo. A fartura de dinheiro ainda vinha para os jogadores. Cada atleta recebeu cinco mil cruzeiros dos seus 'padrinhos' e um torcedor se disponibilizou a dar a quantia de dois mil para cada um dos vencedores.
O dirigente Ceferino Carrera ergue a taça quebra-tabu.

Promessa é dívida, e Aurélio Viana tratou de pagar:
O presidente Aurélio Viana cumpriu as promessas que fez ao término da partida. Repartiu a renda e queimou camisas.
 O presidente do Galícia, Aurélio Viana se dispunha a repartir a renda com os jogadores caso a vitória viesse. Dito e feito!, pois o time ficou com 262 mil cruzeiro. Já o bicho foi de seis mil pra cada um. Menos o jogador-treinador Wassil, que ficou com doze mil pelo fator de ter marcado o gol salvador. A premiação total de Wassil foi de quase 30 mil cruzeiros. O Vitória chegou a vencer o Galícia na preliminar por 5 a 1, e por isso a renda total chegou a ser de mais de 800 mil cruzeiros.

 A outra promessa também veio a ser cumprida pelo cartola. As camisas usadas no confronto foram queimadas na pista de acesso ao Estádio Octávio Mangabeira - alguns atletas guardaram as suas camisetas -. Assim pondo em cinzas toda um mau adquirido pelo clube nos anos anteriores diante do Vitória.
Técnico e treinador do Demolidor de Campeões, Wassil recebeu a mais pelo gol marcado. Em pé está ele orientando o time, e sentados estão: Vadinho, Silvio Mário, Frank Chagas, Lai, Beto (goleiro) e Raul. (Acervo de Nivaldo Carvalho)

Um comentário:

  1. O matense Frank Chagas, irmão de Chiquitinha Maravilha, abriu o "Mercado da Bola", para outros jogadores amadores matense, que se profissionalizaram a partir da década de 196o, a exemplo de Nélson Leal, Hélio Nailon, Manesinho, Teixeira do vitória.. Link da história completa do "Quebra Tabu!" do Galicia 1x0 EC Vitória, gol do técnico e jogador Vassil Barbosa, ex -Bangu, Bahia... A matéria do Jogo do "Quebra Tabu", foi pesquisado por Chiquitinha maravilha em 2002. Link http://chiquitinhamaravilha.blogspot.com.br/p/o-matense-frank-chagas-do-vitoria.ht

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